quarta-feira, 14 de abril de 2010

AS CERCAS PARA PASTEJO ROTACIONADOS

A exploração pecuária depende das pastagens, tanto para manutenção, quan­to para o crescimento e produção dos ruminantes, sendo extremamente importante quando o objetivo for pro­duzir economicamente, devido estes apreenderem seu próprio alimento em pas­tejo.
Na produção animal temos a pastagem nativa, que é formada principalmente por plantas adaptadas e distribuí­das naturalmente; já as cultivadas são aquelas em que o homem contribui diretamente para sua formação, podendo ser exclusivas (somente uma espécie) ou consorciadas (duas ou mais espécies, podendo ser gramíneas e leguminosas).
Atualmente os índices zootécnicos da pecuária nacional têm tido grandes avanços, em função do melhoramento ge­nético, ambiente e nutrição animal. Em 1973 tínhamos 122 milhões de hectares destinados à pecuária, dos quais 86% eram de pastos naturais e apenas 145 de cultivadas. Hoje o cenário se mo­di­ficou, pois dos 190.000 milhões de hec­tares, 55% são pastagens cultivadas, com aumento de aproximadamente 300%.
Isso demonstra que os pecuaristas têm investido nas qualidades das pastagens, principalmente com técnicas de conservação e melhoria da fertilidade do solo, aumentando a produtividade e qualidade dos produtos de origem animal, com isso gerando divisas na exportação. Portanto, no caso específico dos ovinos, existe uma forte demanda pela carne, pois o Brasil é um grande importador des­te produto.
O rebanho ovino vem aumentando consideravelmente, nas diferentes re­giões e estados nacionais, principalmente no estado de São Paulo, Paraná, Ma­to Grosso do Sul, Minas Gerais e Goiás. Com isso torna-se necessário o uso de pastagens cultivadas, que geralmente são mais exigentes em fertilidade, con­sequentemente mais produtivas e assim aumentando a lotação por área.
As gramíneas mais indicadas para ovinos são: Tifton-85, Coast cross, Estre­la branca e roxa, Aruana, Áries, Tan­zânia e Massai; podendo ou não estar consorciadas com leguminosas, bem como o Estilosantes, Calopogônio, Siratro ou Soja Perene, entre outros.
Alguns pesquisadores, no entanto, recomendam o uso das leguminosas e gramíneas exclusivas, pois apresentam ciclos fisiológicos diferentes, além de correr o risco dos animais terem maior acei­tabilidade por uma das espécies, nesse caso erradicando a mesma. Para contor­nar tal situação teríamos a opção de trabalhar com o banco de proteína, que seria uma área exclusiva de legumi­no­sas, sendo pastejadas pelos ovinos em algumas horas do dia.
Todas são exigentes em fertilidade e para expressar o máximo do seu potencial é preciso lançar mão do pastejo rotacionado (divisão dos pastos), obje­tivando explorar o máximo de seu crescimento vegetativo, devido ao período de descanso ideal (tempo sem a presença dos animais), que varia de 21 a 28 dias para as estoloníferas (Cynodon sp) e de 30 a 35 dias para as cespitosas (Pani­cum maximum), variando de acordo com a espécie implantada.
Esta prática de manejo contribui inclusive para a diminuição das larvas dos endoparasitos presentes no pasto (verminose), pois com o período de descanso faz com que o verme não ­encontre o hospedeiro (ovinos) e boa parte destes são eliminados pela ação dos raios solares e ventos.
Para realizar a divisão dos pastos, podemos lançar mão da cerca paraguaia (arame liso), a tela ou até mesmo a elétrica. Todas funcionam bem, desde que sejam bem confeccionadas, realizando constantemente a manutenção das mesmas. Entretanto, um ditado é verdadeiro, “para que os animais não varem cerca o ­importante é que se tenha um bom pasto”.



A cerca elétrica tem menor custo de implantação, porém exige uma manutenção constante para não haver perda de energia, ou seja, não devemos dei­xar que o capim encoste-se ao fio. As demais têm maior custo, mas proporcio­na menores gastos com manutenção.
Já é sabido que temos duas épocas distintas do ano, sendo as águas (primavera e verão), que produz cerca de 80% e a seca (outono e inverno), que re­presenta em torno de 20% da produtividade total. Portanto, na seca temos que ter uma reserva de capineiras (cana ou capim elefante), silagem ou feno, para suplementação dos animais, como fonte de alimentos volumosos, possibilitando manter uma carga fixa ao longo do ano (mesma lotação de animais na área).
Às vezes, no entanto, os volumosos fornecidos exclusivamente, dependendo da época do ano e estado fisiológico dos ovinos (ovelhas paridas, cordeiros em crescimento, etc.), os mesmos podem não atender a exigência dos animais, nestes casos devemos lançar mão de alimentos concentrados, que devem ser balanceados por um técnico especia­lizado em nutrição.
Outra opção para a época da seca é trabalhar com pastagem de inverno, objetivando o mínimo de suplementação. Geralmente no estado de São Paulo e re­gião Sul têm como opção o plantio de aveia preta e azevém, sendo semeada em março ou abril pela técnica de sobre semeadura.
Para boa produtividade dessas gra­míneas originadas de regiões temperadas, as mesmas necessitam de um mínimo de precipitação pluviométrica, em alguns casos, já existem criadores, principalmente de bovinos de leite já ­usando a técnica de pastejo rotacionado, aduba­do e irrigado, isso em áreas menores.
Tomando todos esses cuidados teremos uma boa produtividade de carne, lã e outros produtos dos ovinos, portanto devemos fazer um bom ­planejamento, para ingressar e permanecer na atividade ovinícola e mantendo boa produtividade e lucratividade.

Cledson Augusto Garcia - é Zootecnista, depto de Zootecnia - UNIMAR, Instrutor SENAR e SEBRAE e consultor em Ovinocultura.

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