A exploração pecuária depende das pastagens, tanto para manutenção, quanto para o crescimento e produção dos ruminantes, sendo extremamente importante quando o objetivo for produzir economicamente, devido estes apreenderem seu próprio alimento em pastejo.
Na produção animal temos a pastagem nativa, que é formada principalmente por plantas adaptadas e distribuídas naturalmente; já as cultivadas são aquelas em que o homem contribui diretamente para sua formação, podendo ser exclusivas (somente uma espécie) ou consorciadas (duas ou mais espécies, podendo ser gramíneas e leguminosas).
Atualmente os índices zootécnicos da pecuária nacional têm tido grandes avanços, em função do melhoramento genético, ambiente e nutrição animal. Em 1973 tínhamos 122 milhões de hectares destinados à pecuária, dos quais 86% eram de pastos naturais e apenas 145 de cultivadas. Hoje o cenário se modificou, pois dos 190.000 milhões de hectares, 55% são pastagens cultivadas, com aumento de aproximadamente 300%.
Isso demonstra que os pecuaristas têm investido nas qualidades das pastagens, principalmente com técnicas de conservação e melhoria da fertilidade do solo, aumentando a produtividade e qualidade dos produtos de origem animal, com isso gerando divisas na exportação. Portanto, no caso específico dos ovinos, existe uma forte demanda pela carne, pois o Brasil é um grande importador deste produto.
O rebanho ovino vem aumentando consideravelmente, nas diferentes regiões e estados nacionais, principalmente no estado de São Paulo, Paraná, Mato Grosso do Sul, Minas Gerais e Goiás. Com isso torna-se necessário o uso de pastagens cultivadas, que geralmente são mais exigentes em fertilidade, consequentemente mais produtivas e assim aumentando a lotação por área.
As gramíneas mais indicadas para ovinos são: Tifton-85, Coast cross, Estrela branca e roxa, Aruana, Áries, Tanzânia e Massai; podendo ou não estar consorciadas com leguminosas, bem como o Estilosantes, Calopogônio, Siratro ou Soja Perene, entre outros.
Alguns pesquisadores, no entanto, recomendam o uso das leguminosas e gramíneas exclusivas, pois apresentam ciclos fisiológicos diferentes, além de correr o risco dos animais terem maior aceitabilidade por uma das espécies, nesse caso erradicando a mesma. Para contornar tal situação teríamos a opção de trabalhar com o banco de proteína, que seria uma área exclusiva de leguminosas, sendo pastejadas pelos ovinos em algumas horas do dia.
Todas são exigentes em fertilidade e para expressar o máximo do seu potencial é preciso lançar mão do pastejo rotacionado (divisão dos pastos), objetivando explorar o máximo de seu crescimento vegetativo, devido ao período de descanso ideal (tempo sem a presença dos animais), que varia de 21 a 28 dias para as estoloníferas (Cynodon sp) e de 30 a 35 dias para as cespitosas (Panicum maximum), variando de acordo com a espécie implantada.
Esta prática de manejo contribui inclusive para a diminuição das larvas dos endoparasitos presentes no pasto (verminose), pois com o período de descanso faz com que o verme não encontre o hospedeiro (ovinos) e boa parte destes são eliminados pela ação dos raios solares e ventos.
Para realizar a divisão dos pastos, podemos lançar mão da cerca paraguaia (arame liso), a tela ou até mesmo a elétrica. Todas funcionam bem, desde que sejam bem confeccionadas, realizando constantemente a manutenção das mesmas. Entretanto, um ditado é verdadeiro, “para que os animais não varem cerca o importante é que se tenha um bom pasto”.
A cerca elétrica tem menor custo de implantação, porém exige uma manutenção constante para não haver perda de energia, ou seja, não devemos deixar que o capim encoste-se ao fio. As demais têm maior custo, mas proporciona menores gastos com manutenção.
Já é sabido que temos duas épocas distintas do ano, sendo as águas (primavera e verão), que produz cerca de 80% e a seca (outono e inverno), que representa em torno de 20% da produtividade total. Portanto, na seca temos que ter uma reserva de capineiras (cana ou capim elefante), silagem ou feno, para suplementação dos animais, como fonte de alimentos volumosos, possibilitando manter uma carga fixa ao longo do ano (mesma lotação de animais na área).
Às vezes, no entanto, os volumosos fornecidos exclusivamente, dependendo da época do ano e estado fisiológico dos ovinos (ovelhas paridas, cordeiros em crescimento, etc.), os mesmos podem não atender a exigência dos animais, nestes casos devemos lançar mão de alimentos concentrados, que devem ser balanceados por um técnico especializado em nutrição.
Outra opção para a época da seca é trabalhar com pastagem de inverno, objetivando o mínimo de suplementação. Geralmente no estado de São Paulo e região Sul têm como opção o plantio de aveia preta e azevém, sendo semeada em março ou abril pela técnica de sobre semeadura.
Para boa produtividade dessas gramíneas originadas de regiões temperadas, as mesmas necessitam de um mínimo de precipitação pluviométrica, em alguns casos, já existem criadores, principalmente de bovinos de leite já usando a técnica de pastejo rotacionado, adubado e irrigado, isso em áreas menores.
Tomando todos esses cuidados teremos uma boa produtividade de carne, lã e outros produtos dos ovinos, portanto devemos fazer um bom planejamento, para ingressar e permanecer na atividade ovinícola e mantendo boa produtividade e lucratividade.
Cledson Augusto Garcia - é Zootecnista, depto de Zootecnia - UNIMAR, Instrutor SENAR e SEBRAE e consultor em Ovinocultura.
quarta-feira, 14 de abril de 2010
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