Esta revista traz uma edição especial sobre a raça Anglo-Nubiana.
An= ANGLO NUBIANA
61 - Sendo a maior raça do país, os criadores AN não deveria enfocar seu marketing na “base” que é a produção de carne, leite e pele - ao invés de no mercado seletivo?
R - Obviamente esta seria a posição correta, se houvesse uma política do Governo Federal, deixando claro que a carne teria mercado garantido. Mas não há essa política. Então os criadores fazem o que podem e, para eles, é mais fácil ir evoluindo gradualmente, com animais cada vez melhores, disputando prêmios. Ao mesmo tempo, vão permitindo o melhoramento de milhares de produtores de carne. É um processo lento, até o Governo enxergar a atividade como importante para geração de renda e de empregos.
62 - A participação em cruzamentos para produção de carne em escala industrial é um objetivo da raça? Ou ainda é muito cedo para pensar nisso?
R - Não é objetivo da raça, pois não há Associação pensando em termos de mercado, ainda. A atual Associação é muito nova e está tentando reunir selecionadores, em primeira instância. Mais tarde irá pensar no mercado de produção. Num primeiro momento, ao redor da mesa da Associação, somente estarão selecionadores e não produtores de carne. Então, as orientações serão para o mercado seletivo. Nada impede, todavia, que algumas orientações cheguem ao mercado produtor. No futuro haverá Associação apenas para produção
63 - Um dia, se o mercado de expositores for atropelado, também o mercado-base (carne, leite e pele) não sofrerá um duro baque?
R - Não. Os grandes produtores de carne: Estados Unidos, Austrália, Nova Zelândia, vivem realidades diferentes. Nestes países, há milhares de produtores integrados com o Governo. Há Câmaras de Produtores de Carne, há Câmaras de Exportadores de Carne e outras entidades somente para os que vivem da atividade. O setor expositivo existe e é importante, mas é francamente minoritário, pois gera menos empregos e renda.
64 - Quais são os melhores cruzamentos com AN, no momento?
R - Os principais são com o Boer (formando a raça Caraíba) e com a Mambrina (formando a raça Jacuípe). Cabras sertanejas são cruzadas com AN formando as raças Colônia e Tropicana, mas sem qualquer especificidade - sendo apontadas como SRD (Sem Raça Definida), embora tenham alto valor genético para o mercado brasileiro. As SRDs são matérias-primas para muitas diversificações genéticas do futuro.
65 - Pode-se afirmar que o AN é bom em termos de habilidade materna?
R - Como em todas as raças, há linhagens que se destacam em alguma direção. No AN há linhagens especiais para musculosidade, altura, comprimento, aprumos, aptidão leiteira, habilidade materna, etc. Cabe ao selecionador unir o que precisa para formar um AN integral, se possível. A rigor, qualquer AN tem um pouco de cada habilidade, podendo ter muito de algumas.
66 - O AN pode ser a raça-mãe nos cruzamentos com outras raças caprinas, principalmente a Boer?
R - Dependendo da região e da situação, sim, mas também pode ser o inverso. Como se trata de duas raças exponenciais, bem selecionadas, o mais provável é que a união de ambas venha a consolidar a raça Caraíba. Essa, sim, poderá ser a disseminadora de virtudes para a maioria dos rebanhos de carne. O AN pode gerar dezenas de ecótipos bem sucedidos, pois tem as virtudes para isso.
67 - O leite é essencial na linha materna, nos cruzamentos. O AN dará conta do recado, no caso de vir a ser utilizado em larga escala?
R - O leite, em cruzamentos de carne, precisa ser suficiente para garantir um bom desmame. Só isso. O AN é estimado, em todo Brasil, justamente por garantir lucro, o que significa boa taxa de desmame. Então, ele pode dar conta do recado, quando vier a ser utilizado em larga escala.
68 - Para ser a raça-mãe nos cruzamentos de corte, o Nubiano deveria partir, imediatamente, para a seleção de leite? Ou é possível fazer produção de carne, de forma racional, sem leite?
R - Não pode haver cruzamentos para carne sem uma boa taxa de desmame. O desmame lucrativo exige o leite materno. Então, o AN leiteiro tem um papel a cumprir no cenário. Talvez o principal deles seja formar linhagens de dupla aptidão, com evidente e comprovada produção leiteira.
69 - Haverá uma diversificação na pecuária do AN de corte e o de leite do Brasil, como já acontece em várias raças de gado?
R - Sim, essa diversificação é benéfica. É preciso diferenciar, aqui, o papel do selecionador e do produtor. Não existe uma raça boa de carne e de leite, ao mesmo tempo; existem linhagens que são selecionadas mais para carne ou mais para leite. O mercado de produtores quer o animal que tenha 50% de aptidão para carne e 50% para leite. Isso quer dizer que o selecionador terá que optar, ora para carne (100%) ou para leite (100%).
No campo, os fazendeiros querem o AN grande, alto, musculoso, cujas fêmeas produzam leite para as crias. Eles não querem animais que exijam ordenha, pois isso dificulta o manejo na produção de carne. É assim na pecuária de gado e não será diferente na caprinocultura de corte. O AN tem linhagens para leite e linhagens para carne. Quem junta as duas não é o selecionador, é o criador.
70 - Que raças poderiam ser importadas para cruzamento com o AN do Brasil, gerando ecótipos para várias regiões?
R - Existem muitas raças no mundo que poderiam ser cruzadas com o AN. É preciso analisar cada região e cada situação, para escolher as raças acertadamente. Isso é tarefa relativamente fácil para quem estuda as raças no mundo. Há literatura suficiente para isso.
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